Finalmente ele dormiu, e ao olhar aquele pequeno menino branco de cabelos negros, quase como se seu contraste tivesse sido alterado até atingir 100%, as lágrimas vieram, no início tímidas, depois mais fortes e por fim como dizem os jovens, eu chorava rios.

- Algumas horas antes -

Acordamos e seguimos o ritual de todos os dias religiosamente, ligar a tv no desenho mais colorido que tiver passando, correr pra cozinha e preparar o mingau, enquanto escuto choro, depois risos, depois algumas coisas sendo derrubadas, a casa acordou. Sentamos tomamos café juntos e lembro que ainda grávida cogitei nunca alimentar meu filho com a tv ligada, afinal a televisão tira atenção da alimentação, Peppa cai na poça de lama, ele ri, e eu acordo pra maternidade real. Enquanto ele ainda come uma bolacha ( ou biscoito, escolha!) eu dou uma olhada no instagram, vejo nos stories que a mãe digital influencer também toma seu café, enquanto faz suas unhas e uma escova no cabelo, porque esse negócio de mãe que perde a vaidade é uma escolha não é mesmo? Prendo meus cabelos em um coque desarrumado e vou descongelar a carne do almoço.

Um pouco culpada, lembro com saudade de acordar tarde, tomar café assistindo " o vestido ideal" depois ir pra Faculdade e de lá pra academia... Como eu posso sentir saudades desse tempo, em que o amor da minha vida ainda nem era um plano distante, e a culpa pesa novamente.
Assim que nasce uma criança vem com ela a culpa, de início é como um pequeno porta moedas que carregamos e guardamos pensamentos como " sou uma mãe ruim por ter dificuldades de amamentar" ou " Eu deveria estar estudando sobre métodos educacionais Montessori" e a bolsinha da culpa só cresce e pesa e causa dor.
O que aprendi nesses 9 meses de maternagem é que apenas eu escolho o que fazer com essa culpa, tem dias que grito pra eu mesma " VOCÊ É ÓTIMA MÃE, BOM TRABALHO!" Em outros, eu olho meu filho dormir e choro rios, não são lágrimas de fraqueza ou de arrependimento, são lágrimas com a mistura química perfeita do amor imensurável e do medo, e se eu não der conta? E se eu não conseguir dar tudo que planejo pra ele, como aquele quarto com parede grafitada e o intercâmbio no Canadá? E se eu não conseguir criar boas memórias de infância... Medo! Medo! Medo! 
E aí penso que nesse mundo de meu Deus, existem muitas mães chorando quietinhas, talvez até a mãe digital influencer, mas também existem mães que já passaram por tudo isso e nos olham com ternura como quem diz: " ser mãe é isso... É padecer no paraíso não é mesmo?"





Post escrito quando Márcio tinha 9 meses em um daqueles dias que quem é mãe conhece muito bem rs, estava guardado aqui nos rascunhos e resolvi compartilhar com vocês.


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